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Dra. Linda Jorge Kalil Bussadori

Entrevista cedida por Dra. Linda Jorge Kalil Bussadori

APAN: Quais os motivos que a levaram a escolher esta profissão: Nutricionista?

O que me direcionou para a profissão foi o gosto pela ciência e no curso de nutrição constavam matérias que sempre me atraíram, como: Anatomia, Fisiologia Humana e da Nutrição, Química Orgânica, Bioquímica, Bromatologia, Nutrição Normal, Dietoterapia.


APAN: Qual(is) sua(s) áreas(s) de atuação e quais as mudanças mais significativas que você pode perceber no decorrer dos anos?

Atuei, na maior parte da minha carreira na área hospitalar, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, no Instituto Central. Esse tempo foi mais dedicado ao atendimento aos pacientes internados e ambulatoriais. Atuei, também, na Cozinha Metabólica, durante doze anos, na elaboração e supervisão das dietas de pacientes em balanço alimentar, além de pesquisas e formulação de novas dietas, contribuindo para a terapia nutricional dos pacientes e suas patologias, segundo suas necessidades.

No decorrer dos anos mudanças significativas aconteceram, como o reconhecimento do nutricionista no tratamento dietoterápico de pacientes de acordo com as patologias, além de pesquisas que foram feitas tornando as dietas mais palatáveis.


APAN: Você se lembra de alguma passagem de sua história na Nutrição que conte um pouco da trajetória da profissão?

Como conquistas alcançadas e que fizeram parte da minha carreira profissional, gostaria de citar: a primeira regulamentação da profissão, ocorrida em 1967, o reconhecimento do Nutricionista como profissional de nível universitário, a criação dos Conselhos Federais e Regionais de Nutricionistas, em 1978, e a criação da Associação de Classe e Sindicato.


APAN: Para você até onde a ciência da Nutrição pode chegar?

A ciência da Nutrição é infinita e dinâmica, não é estática. Do início da minha carreira até os dias de hoje novos conceitos foram criados para a saúde e qualidade de vida da população, considerando as coletividades sadias e enfermas. E hoje, se fala muito mais de Nutrição do que anos atrás, embora alguns conceitos às vezes sejam passados de forma equivocada por algumas mídias. Mas, por outro lado, o nutricionista é hoje mais conhecido e reconhecido pela população, mas ainda temos muito o que fazer para divulgar os preceitos corretos da nutrição em prol de uma alimentação saudável e equilibrada.


APAN: Você participou da elaboração da primeira dieta enteral industrializada? Quais eram as maiores dificuldades da nutricionista com as dietas enterais preparadas no próprio hospital?

Sim, participei da elaboração da primeira dieta enteral industrializada.

Como as maiores dificuldades com as dietas enterais e artesanais podemos citar:

as dietas eram preparadas e acondicionadas em grandes quantidades para atender a demanda de todo o hospital;

a dieta era manipulada a cada horário de administração da mesma;

no ato da distribuição da dieta a mesma não era devidamente homogeneizada, com prejuízo da parte sólida da mistura; em geral era administrada apenas a parte liquida;

com a manipulação constante e o tempo que a dieta ficava exposta, havia favorecimento da fermentação da mesma, com prejuízo para o atendimento desejado.


APAN: Quais os progressos mais significativos, em sua opinião, no setor da indústria de dietas enterais?

No Brasil, a primeira dieta enteral industrializada foi desenvolvida na década de 60, por meio de alimentos totalmente "in natura", preparados artesanalmente e, em seguida, liofilizados. Essa primeira dieta industrializada permaneceu no mercado, sem concorrentes, até meados de 1987. A partir daí surgiram novas dietas no mercado, não só de fórmulas nutricionalmente completas como outras, para atender as necessidades especiais das várias patologias.


APAN: O "PRÊMIO LINDA JORGE KALIL BUSSADORI" para estudantes de Graduação em Nutrição leva o seu nome. Qual a importância deste prêmio para a ciência da Nutrição? E para você?

A importância do prêmio para o estudante é o incentivo a trabalhar para o engrandecimento da Ciência da Nutrição, por meio de estudos e pesquisas visando o benefício da população brasileira. Para mim, é satisfação, orgulho e agradecimento aos colegas que conviveram e convivem comigo, e conhecem o meu passado profissional e me homenagearam com esta honraria.

(Repost de publicação)



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